Tenho um abrigo que me protege do mundo. Nesse abrigo nasceram flores, ao longo dos anos, que trazem luz e cor aos meus dias.
Certo dia acordei e vi uma pequena Margarida branca, de pétalas delicadas e harmoniosas. Tinha nascido naquela noite serena, enquanto eu sonhava com nuvens de algodão doce e brincava no escorrega do arco-íris.
Nessa mesma manhã fiquei a contemplar todas as flores do meu abrigo. Contei o meu sonho à minha Tulipa Amarela, que me ouviu e tocou o meu coração com as suas pétalas suaves, sorri aos Lírios, que nessa noite tinham me tinham cantado uma bonita canção de embalar, ouvi a Violeta, sempre sábia, que me contou uma história fascinante, brinquei com a Papoila e com o Jasmim, que me trouxeram muitas gargalhadas, olhei timidamente a Magnólia, cujas pétalas me ajudariam a tecer as minhas asas para voar mais longe e mais alto, caminhei por cima da relva macia, sempre pronta a reconfortar-me, e por fim lá estava a pequena Margarida branca.
Esta Margarida parecia-me muito pequenina e frágil, a ponto de ter medo de lhe tocar. Desde então, comecei a rega-la com todo o meu carinho e cuidado. Comprei-lhe um adubo, cujo saco dizia ‘Amor’, e trouxe-lhe a terra rica em sorrisos verdadeiros. Alguns dias mais tarde, tinha-se tornado numa graciosa flor, que emanava um sóbrio e doce perfume. O seu sorriso inocente adivinhava uma alma angelical e silenciosa.
Agora estás crescida, fazes parte do meu jardim e de lá jamais sairás. Preciso desse brilho que ilumina suavemente os meus olhos. É essa luz que ilumina parte dos meus dias.
Prometo que farei sempre o que puder para cuidar das tuas sedosas e gentis pétalas. E talvez um dia consiga fazer com que te tornes numa flor plenamente florescida e alegre.
Obrigada, minha querida Margarida, pelas horas passadas, pelos sorrisos, pelos abraços, pelas lágrimas, pela doçura, pelo carinho e sobretudo pela Amizade!
Amo-te, meu Raio de Sol. ♥
(Hoje senti-te um pouco distante.)