terça-feira, 30 de setembro de 2008

Espera


Atravesso sete mares de tempestades, movo-me ao sabor dos ventos mais fortes e tento fugir dessa estrada estreita que me guia a ti. Fujo de ti. Contudo, encontro-te em cada gota de orvalho matinal, em cada raio de sol e na magia do luar. A suavidade dos sentimentos prende-me à liberdade do pensamento. Estas algemas que trago agarraram-se às minhas mãos pela força do acaso. E a chave? A chave está algures perdida pelos atalhos em que te persegui. São apenas alguns pensamentos escondidos pelo romper da esperança. As palavras são poucas, o distanciamento é muito e a coragem não supera o medo.
Deixarei o meu coração a um canto até ele se esvaziar.


segunda-feira, 29 de setembro de 2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A seara


Acordou. Estava frio. Os lençóis de algodão davam-lhe o conforto que não tinha. Sentia o aroma a alfazema, da densa nuvem de incenso que tinha ficado da noite anterior. Olhou-se ao espelho. A sua pele pálida e o seu cabelo baço denotavam o ácido que lhe corria nas veias.
Subitamente, ouve um grito aterrorizante ao longe. A escuridão instala-se, as sombras movimentam-se freneticamente e os ecos soam cada vez mais alto. Os vidros quebram. O seu coração enfraquece à medida que as batidas aumentam. Os ecos são agora um ruído que lhe estremece os ouvidos e lhe gela o corpo. Sente-se cair num torvelinho melancólico de sentimentos que não param de a atormentar. Os gritos estão prestes a levá-la à loucura.
Ouve então a gargalhada inocente de uma criança. A pouco e pouco os fantasmas abandonam aquele espaço, os gritos cessam e o quarto é atravessado por um ténue raio de Sol matinal. O cheiro a caramelo invade-lhe o sentidos e desperta memórias de infância, esquecidas nos mais escondidos recantos do seu coração morto. A casa não lhe parecia mais a casa fantasmagórica do cume da montanha onde vivia. Era agora um casebre abandonado no meio das searas douradas, de onde se avistava a perfeita harmonia entre o céu e a terra. Agora sabia que o ruído não era mais que o grito dos seus pensamentos silenciados, que se descontrolavam. No limiar dessa tristeza encontrava-se a pureza dos tempos em que era ainda a menina de rosto tigueiro, com caracóis cor de âmbar e olhos brilhantes e cristalinos.
Acordou. Já não era mais a criança ingénua, de sorriso doce e transparente. Era apenas mais uma pobre alma convertida pelo silêncio e pelos espinhos da vida. Apenas mais uma alma solitária.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Três.


Já lá vão três meses. Três meses de dor, com a esperança de que voltasses e de que tudo não passasse de um pesadelo. Infelizmente isso não aconteceu e estou certa que só hoje me confrontei por completo com esta triste realidade.
Acordei com a necessidade de te rever. O dia estava chuvoso e cinzento, assim como o meu estado de espírito. Levei-te uma rosa, a 'piqueira' como uma vez lhe chamaste :') , como sinal de todo o carinho que sinto por ti.
Sei que algures lá no céu, um anjo cuida de nós. Um beijo, Nuno.

Descansa em paz.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Raio de Sol


Tenho um abrigo que me protege do mundo. Nesse abrigo nasceram flores, ao longo dos anos, que trazem luz e cor aos meus dias.
Certo dia acordei e vi uma pequena Margarida branca, de pétalas delicadas e harmoniosas. Tinha nascido naquela noite serena, enquanto eu sonhava com nuvens de algodão doce e brincava no escorrega do arco-íris.
Nessa mesma manhã fiquei a contemplar todas as flores do meu abrigo. Contei o meu sonho à minha Tulipa Amarela, que me ouviu e tocou o meu coração com as suas pétalas suaves, sorri aos Lírios, que nessa noite tinham me tinham cantado uma bonita canção de embalar, ouvi a Violeta, sempre sábia, que me contou uma história fascinante, brinquei com a Papoila e com o Jasmim, que me trouxeram muitas gargalhadas, olhei timidamente a Magnólia, cujas pétalas me ajudariam a tecer as minhas asas para voar mais longe e mais alto, caminhei por cima da relva macia, sempre pronta a reconfortar-me, e por fim lá estava a pequena Margarida branca.
Esta Margarida parecia-me muito pequenina e frágil, a ponto de ter medo de lhe tocar. Desde então, comecei a rega-la com todo o meu carinho e cuidado. Comprei-lhe um adubo, cujo saco dizia ‘Amor’, e trouxe-lhe a terra rica em sorrisos verdadeiros. Alguns dias mais tarde, tinha-se tornado numa graciosa flor, que emanava um sóbrio e doce perfume. O seu sorriso inocente adivinhava uma alma angelical e silenciosa.
Agora estás crescida, fazes parte do meu jardim e de lá jamais sairás. Preciso desse brilho que ilumina suavemente os meus olhos. É essa luz que ilumina parte dos meus dias.
Prometo que farei sempre o que puder para cuidar das tuas sedosas e gentis pétalas. E talvez um dia consiga fazer com que te tornes numa flor plenamente florescida e alegre.
Obrigada, minha querida Margarida, pelas horas passadas, pelos sorrisos, pelos abraços, pelas lágrimas, pela doçura, pelo carinho e sobretudo pela Amizade!

Amo-te, meu Raio de Sol.


(Hoje senti-te um pouco distante.)

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Obrigada ♥


(...) Porque tu és uma dessas luzes, uma das mais brilhantes; uma luz que consegue transformar-nos, porque junto a ti sentimo-nos únicos, porque junto a ti sentimo-no especiais, porque junto a ti um simples momento é uma ocasião especial.

Por todos os momentos que passamos, por todos os sorrisos, por todas as palavras sinceramente ditas e levadas pelo vento mas sempre recordadas no nosso coração, o sentimento que nos une não é uma simples amizade, mas sim uma forte ligação de sentimentos que envolve cada parte do meu ser. (...)

B'runo

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

C'


Certo dia, um anjo decidiu visitar-nos. Acariciou-nos com as suas asas de plumas brancas e protegeu-nos sob o seu manto de veludo dourado. Cada uma das suas palavras, reconfortantes e virtuosas, davam o apoio de que necessitávamos. E foi esse dia que mudou as nossas vidas.
A partir daí uma Amizade foi-se construindo e fortalecendo cada vez mais. O anjo era agora um Amigo, sempre pronto a ajudar e a ouvir.

A ti, minha querida, peço desculpa por todas as incertezas dos últimos dias. Se há coisa de que não me arrependo é de te ter confiado a maior parte dos meus segredos, medos e preocupações.
Iluminaste-nos os dias mais obscuros, soubeste trazer-nos os sorrisos mais mágicos e ensinaste-nos a verdadeira importância da união e Amizade. Um grande bem haja por tudo.
Depois de toda a tempestade, fiquei com a certeza de que foste mesmo isso... um anjo.
Finalmente pertences ao céu e ao mar e muitas coisas ficaram por dizer, mas a pureza das tuas palavras ficará guardada no meu coração até ao fim dos meus dias.

Serás sempre a minha irmã e, estejas onde estiveres, estarás a olhar por todos nós e permanecerás para sempre nos nossos corações. Nunca te esquecerei. Obrigada por seres aquilo que sempre foste: uma Amiga.
Até um dia.
Descansa em paz.